“Cabe lembrar que a universidade como instituição nasceu junto da Igreja. A Universidade é um centro incomparável de criatividade e de irradiação do saber para o bem da humanidade. Pela sua vocação, a Universidade dedica-se à investigação, ao ensino e à formação de estudantes, livremente reunidos com os seus professores, todos animados pelo mesmo amor ao saber … A sua tarefa privilegiada é «unificar existencialmente no trabalho intelectual as duas ordens de realidades que muitas vezes tendem a se opor como se fossem antitéticas: a busca da verdade e a certeza de já conhecer a fonte da verdade ”.
Para a Igreja, a Universidade constitui um lugar privilegiado de evangelização e um desafio essencial ao propor o horizonte de salvação do Mestre de Nazaré. “A Universidade e, mais amplamente, a cultura universitária constituem uma realidade de importância decisiva. Em seu âmbito estão em jogo questões vitais, transformações culturais profundas, com consequências desconcertantes, e que colocam novos desafios. A Igreja não pode deixar de considerá-los na sua missão de anunciar o Evangelho”.
1) É por isso que a pastoral universitária representa para a Igreja um dos desafios contemporâneos que os bispos da América Latina no documento da Conferência de Aparecida, no número 343, destacaram com grande importância: “É necessária uma pastoral universitária que acompanhe a vida e o caminho de todos os membros da comunidade universitária, promovendo um encontro pessoal e comprometido com Jesus Cristo.
Uma pastoral do Diálogo.
Pela mesma compreensão e concepção da Universidade, a pastoral nela deve dialogar profundamente com as buscas da verdade que acontecem dentro da Universidade. A Antropologia, Filosofia e Teologia Cristãs são ciências fundamentais para um diálogo construtivo e respeitoso.
A Pastoral Universitária supõe homens e mulheres formados para provocar o encontro, a convergência e a proposta a um mundo expectante, crítico e pesquisador como a Universidade. Uma pastoral com as Inteligências. Intelectuais, pesquisadores, homens e mulheres da ciência passam pela universidade que buscam, sob diversos ângulos, a Verdade.
A Igreja, através de seu trabalho pastoral na universidade também está em busca e em resposta. A ação pastoral supõe então linguagens e formas que respondem às variáveis e lógicas de quem interage com rigor e profundidade no mundo universitário. Mais uma vez, são necessários agentes pastorais capazes de entrar em diálogo respeitoso e adequado com as sensibilidades da ciência. Um acompanhamento pastoral. Dar razões para a fé e propor uma fé “racional” é outro desafio e ao mesmo tempo a identidade da Pastoral Universitária.
Como todo ser humano, quem passa pela universidade tem profundas questões existenciais e não são poucos os que buscam respostas em sua fé; No entanto, devido à dinâmica da universidade e suas epistemologias, essa fé é vulnerável ao ataque da ciência positivista. Cabe à Pastoral Universitária acompanhar e apoiar os universitários que buscam e desejam viver sua opção cristã.
Uma pastoral de criatividade.
A universidade moderna se define em constante crescimento e evolução. O mundo da ciência confere-lhe um estatuto de surpreendente modernidade, onde os avanços da tecnologia encontram aí o seu ponto de partida e de chegada. Por isso, a Pastoral Universitária não pode estar alheia a esta realidade e é concebida como profundamente dinâmica e criativa para responder a partir da lógica do Evangelho nas linguagens e formas da Universidade. É uma pastoral onde podem convergir as diversas e ricas possibilidades com que cada ciência e arte contribuem para a interação com o ser humano. A criatividade é um desafio e uma proposta de pastoral que se concebe com ciência e inteligência.
Uma pastoral de serviço.
A Igreja está situada na Universidade como serva e companheira. A arrogância e a saudade do passado deram lugar à multiplicidade de ofertas onde o serviço é uma carta de introdução ao Evangelho encarnado. Trata-se de anunciar a partir do serviço e propor o Evangelho a partir do testemunho de homens, mulheres e programas que expressem o compromisso de uma Igreja que conhece os anseios, sofrimentos, esperanças, medos e dores do homem de hoje.
A ação pastoral Universitária visa a transformação plena do ser humano e do mundo, através dos valores evangélicos, respeitando a pessoa na sua fé ainda que não cristã.
Esta Pastoral não se limita a ação dos pastores, mas a ação de todos os (as) leigos (as) que vivem em comunhão com Jesus Cristo. Sendo assim, somos chamados a viver e testemunhar a fé no meio universitário.
A pastoral Universitária nos permite garantir uma presença cristã articuladora entre fé e cultura e entre fé e razão dentro da vida acadêmica, respondendo assim, a missão e identidade da Igreja na própria Universidade.
O mundo universitário forma os líderes de hoje e amanhã, então, a Igreja precisa de acompanhar jovens cristãos e seus educadores nesta fase de vida para formar cristãos capacitados e competentes capazes de responder aos desafios deste tempo, e, de colocar o saber ao serviço da transformação da sociedade. Transformar a Universidade e a ciência, de ambiente aparentemente neutro, em ambiente ético e em instrumento de serviço para toda a comunidade humana.
A pastoral universitária é aquela atividade da UNIVERSIDADE que oferece, aos membros da própria comunidade, a ocasião de coordenar o estudo acadêmico e as atividades para-acadêmicas, com os princípios religiosos e morais, integrando, assim, a vida com a fé. (JOÃO PAULO II. Constituição Apostólica “Universidades Católicas” (15-8-1990).
Pressupostos importantes a serem tomados em conta nesta Pastoral.
Muitos jovens ao chegar nas Universidades, não conseguem viver e manter a sua adesão e pertença à Igreja. Por falta de tempo, pela mudança de cidade ou Estado, a mobilidade humana; ou porque a fé que viviam no seio familiar e nos ambientes que frequentavam não responde mais às novas questões que a realidade universitária lhes apresenta: a pluralidade, a diversidade, a reflexão. “A fé que até agora viveram de maneira espontânea ou tradicional, talvez sem levantar questionamentos e foi acompanhada na paróquia, agora enfrenta a cultura pós-moderna e é assaltada pelas dúvidas que os conhecimentos da ciência e outras visões de mundo apresentam. De fato alguns procuram o local da pastoral como referência nesse universo, porque estão sem família, fora da cidade, sem ainda amizades.”
É muito importante compreender, perceber e estar próximos da realidade que estes universitários enfrentam. Sair do aconchego familiar, das matrizes culturais e religiosas e ser lançado em um espaço novo: a Universidade. Lugar de criticidade e pluralidade de pensamentos, de autonomia e liberdade, no qual precisamos recorrer às nossas convicções (se as temos) e integrar não só os desafios da Universidade, mas também da mudança de endereço e costumes; o confronto intelectual, as responsabilidades com o trabalho e a sua manutenção, os custos de vida, e tudo isso com muito pouco tempo para participar de atividades extracurriculares. “A universidade é uma nova etapa no processo de amadurecimento humano e integral. ‘Crescer em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens’ (Lc 2, 52) torna-se um desafio em um ambiente marcado pelo agnosticismo e no qual as pessoas de fé podem ser minoria.
Estes jovens precisam de ajuda para “Ser aquilo que somos e, pela nossa vida, testemunho e maneira de ser, mostrar que a nossa fé continua sendo significativa para os dias de hoje.”
Esta pastoral visa ajudar a eles a estabelecer a ponte entre fé e vida e fé e razão. “Termos agentes para que possamos articular nossas atividades e possamos fazer uma ação inculturada no âmbito universitário.”
Todos somos conscientes de quanto precisamos hoje evangelizar nossas universidades. “Estamos sendo desafiados a investir de novo na formação de lideranças: jornalistas, políticos, economistas, que de dentro da pastoral universitária possam alimentar nosso sonho de uma sociedade mais justa e fraterna. A fragilidade da ação evangelizadora no meio universitário nos últimos anos e a aceitação da ruptura entre a fé e a razão, deixou um vácuo da presença da Igreja e do diálogo dela com a Universidade.
Nestas Instituições estão os formadores de opinião. Deles dependem grande parte da transformação da cultura.
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