Tornamo-nos membros de Cristo, somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão (CIC 1213). Buscando cumprir este pedido de Jesus, a Igreja criou a Pastoral do Batismo.
O Batismo é sem dúvida o melhor dom que os pais entregam a seus filhos. Há pouco tempo, o Papa Francisco nos exortava a lembrar o dia do nosso batismo e a festejá-lo, tanto ou mais que o dia do nosso aniversário.
Aqui lhes ofereço algumas reflexões sobre este grande sacramento. Estas ideias estão tomadas de Romano Guardini.
O Batismo como um grande dom de Deus. Um dom que tem que ser acolhido e vivido. Um dom de amizade que implica um sim ao amigo e um não àquilo que pode destruir esta amizade.
Batismo vem do grego, significa imergir, mergulhar. É uma renovação no Espírito, por isso o Batismo imprime caráter… O batismo nos coloca junto de uma companhia de amigos… (a Igreja) que nos acompanhará durante toda a nossa vida…
O que acontece no Batismo. O batismo é dom de vida. Nos abre a vida eterna, nos coloca em relação íntima com Deus, começa uma nova vida, uma vida sobrenatural, uma vida espiritual que não provém dos pais, mas de Deus mesmo.
Quando pedimos o batismo para nossos filhos, aceitamos a paternidade de Deus sobre nós. Então precisamos viver como filhos…
Para nós, Deus não é simplesmente um ser oculto, distante, não é só uma ideia. Deus para nós é um ser que tem um nome, tem palavras, tem corpo, é um Deus concreto, um Deus que se relaciona, um Deus que me ama e se doa…
É um Deus que dá sentido ao viver… A Fé para nós, significa um estar vinculado, significa uma inclusão, significa um modo novo de ser em Cristo.
A Fé é uma nova criação que o Espírito Santo realiza em nós e nos introduz assim em Deus. É esta fé que faz o homem ser outro ser. Se não cremos nisso, não tem sentido pedir à Igreja o batismo para nossos filhos.
Se alguém me ama, guardará minha palavra, e o meu pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos morada… Através desta relação de Fé o homem entra em uma verdade que por si jamais poderia conhecer. Deus sai ao nosso encontro, cria em nós o espaço interior que ele quer estar, e depois, respeitando a nossa liberdade, intenciona fazer-nos participar de sua vida divina.
Podemos dizer que Deus se revela e nos dá o olho adaptado para vê-Lo, mas a gente só vê aquilo que tem olhos para ver… Se Deus fala o homem deve ouvir, se Deus chama o homem deve atender à sua chamada. O homem é ele mesmo unicamente diante de Deus. Se não atendemos à chamada de Deus, e isso a gente pode fazer, então perdemos a nossa verdadeira identidade.
Uma fé que se recebesse, mas depois não se convertesse em vida de nossa vida, não nos abriria à graça, e não nos levaria à semelhança. Crer que sou chamado à perfeição e sou chamado a converter-me em recipiente e expressão de Deus.
O homem é, perante Deus, um ser que foi redimido por Cristo, recebeu dele o amor de Deus para comunicá-lo ao mundo. Esta é a visão que Deus tem do homem. Tudo mais que o homem pode ser está submetido a esta definição. Tudo deve estar orientado a ela como o embrião está orientado ao nascimento. O homem pode saber que é filho de Deus, mas nem por isso deve deixar de aspirar, humanamente, a sê-lo.
Cristo quer e deseja entrar na vida humana para transformá-la. Cristo é uma pessoa viva, vive ali onde é acolhido. Vive em nós, atua em nós e através de nós. Em Cristo, para o cristão, se deu a união do divino com o humano. Por isso, busco os sacramentos porque creio que Deus vive vida humana sem deixar de ser Deus e porque creio que eu vivo vida divina sem deixar de ser homem. Creio neste admirável intercâmbio! Do contrário, não se explica o porquê de vir pedir o batismo para meus filhos.
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